sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Fullmind Fairytale

A vilã

Será muito tarde para fugir desse post? Não, não quero escrever blasfêmias, coisas horrorosas, fugi delas a vida inteira e cá estou eu sangrando as teclas. Imundo.
Não há volta, é preciso falar dela, da bruxa. Da malvada, da vilã da história, por mais que seus horrorosos feitos manchem a página, e todas elas até os confins da rede – e para sempre.


Ela tem um rosto formoso que não compensa
Postura inflexível de quem não tem insegurança
Braço forte como braço direito da mente maquiavélica de um louco que está preso em si mesmo
Como todo bom vilão, Ela tem seus fãs
E só porque é absolutamente boa no que faz,
é compreendida. Nem que seja por ser louca,
e é esse seu aspecto mais terrível:
o de colher admiradores após cometer seus malefícios tão temidos, como se seu poder tivesse a ver com amor após a violência.
E só porque ela é absolutamente terrível é que Ela é superpoderosa. Super.



O vilão

Ah D-s! Como se já não fosse suficiente ter um agente da discórdia! Sim, há dois maus elementos por aqui, a maldade não tem fim. Mas como... que coisa horrorosa, que destino malfadado! Lágrimas, no entanto, não vão fazer nenhum diferença agora. Minhas súplicas nada tem a ver com minha função, de simples informante, mas permita-me ao menos avisá-los, e logo basta.

Ele não é formoso como a vilã,
mas tem o poder da juventude - o que o torna mais ágil
porém isso o torna mais impulsivo. Não se enganem: ele não é mais inofensivo que a bruxa. Apesar de ter a mente mais fraca, ele é forte. Abestalhadamente forte, e isso associado à suas funções neurais, o tornam perigosíssimo.

Por mais que alguns insistam, o pequeno não tem relação com a vilã. Ele não é mau, mas não é bom também, e é vilão porque é contra a heroína. Não conscientemente, não seria capaz, por D-s; mas é tão forte que a machuca. O fato de ninguém vê-lo como peçonha (nem ele mesmo, preso em sua loucura escondida) potencializa o drama, pois nossa protagonista está indefesa aos ataques de ser confiável.



Tem alguma coisa do animal, do humano e até do divino. Comete crimes, mas é também como um inocente, está como inconsciente do que faz. Confessa a sua ignorância mas vangloria-se dela. É tão magnânimo que não sabe ler. É como uma senhora que conheci uma vez, que orgulhosamente supunha ser um génio para o Bridge, mas confessava que perdia sempre porque não tinha paciência para estar atenta às minúcias do jogo.


O aliado

O aliado da heroína é um príncipe bastardo do reino vizinho que é doente
e passa toda a história deitado
Rendido]
É inteligente e de boa índole apesar de ter sempre sido humilhado por seus irmãos que têm futuro. Estes, tempos atrás, saíram pelo mundo atrás da sua própria sorte. Ele ficou - encamado como sempre esteve.
Não guarda rancor nem nutre desejos de vingança
Alguns acreditam que é simplesmente inação pela fraqueza. Que é tão insípido que nem instintos primários e bestas fazem sentido para o quase-morto
Desistente]
Prefiro acreditar que seu espírito não está quebrado, nem que sua condição o tenha tornado passivo e melancólico.
Mas sim que as provocações dos irmãos e seu leito não tivessem a mínima importância. Não que a amizade com a heroína o distraísse, mas que o curasse. Era isso que acontecia, e isso o torna a personagem mais forte da história. Logo, como aliado é peça central para que a heroína não sucumba ante os atentados dos vilões – que não agem em conjunto.


Ela é ingênua, claro, e não percebe que o aliado a protege, mas sente que ele é especial, talvez a pessoa mais importante para ela, juntamente com o amigo-vilão. E essa percepção será fundamental para o desenrolar do épico.


A heroína

É uma princesinha, que os céus a protejam. Como toda boa personagem central, tem aquelas infinitas virtudes e até cozinha bem – ou não, ou é uma péssima dona de casa, o que não deixa de ser uma pitada de graciosidade bem-humorada quando se trata de uma mulher dona de incrível beleza, alienígena (quase).
O mais incrível é que, na realidade, ela não é ninguém importante. É como aquela música diz, “poeira no vento”. Melhor: nem no vento é (seria demasiado poético), é no canto da sala. Isso, poeira no canto da sala, algo desimportante do começo ao fim, de cabo a rabo; gandula em jogo de tênis, segurança de shopping, transeuntes em cena de filme.
E, salvo essa postagem, ela teria sido esquecida nas camadas da história, perdida para sempre em memória desencontrada de qualquer um. Essa é a chance dela mostrar seu valor, e aposte que ela vai se empenhar quando nossa lente atingi-la – não tenha dúvidas! Nos seus quinze minutos ela vai passar de poeira a cometa, como toda heroína.

Chega de graciosidade bem humorada, já não basta cozinhar mal.
Ela é bonita de verdade, nada de “ah, ela é simpática” ou “dona de um charme de outro mundo, que faziam de seus cabelos opacos a peruca mais preciosa de todos os tempos”... Não.


Seus cabelos são sedosos
Sua pele tem textura de flor em começo de dia
Tem bons dentes (para uma mocinha do século XIV)
E é tímida e calada. É como afirmei: salvo essas linhas ela teria sido só uma garota calada [que se casaria em boa hora,
Teria filhos,
Envelheceria e morreria amada ou não por pessoas que perdoariam suas broas salgadas demais.].

Foi prisioneira da vilã
E no cativeiro sua única alegria da vida eram dois amigos muito singulares:
O primeiro é o vilão, que foi amigo e malfeitor até o fim
O segundo é o aliado, que ela julgava proteger
porque era forte e agüentou até o fim o cerco da vilã que ficava em cima dela como abutre dia-e-noite
a vilã tirava lascas de carne de um lado e o amigo forte, do outro lado, sugava sua alma e descia seu braço pesado
enquanto o aliado ficava deitado.


A ODISSÉIA

Depois do afastamento do amigo vilão durante uma batalha homérica, os deuses presenteiam a princesa e o aliado com uma enorme cama voadora, e eles vão embora, livres de tudo e de todos. Divertem-se até a bruxa morrer, e finalmente voltam para o lugar onde nasceram e levam uma vida normal. Ou não. Ás vezes ficaram viajando por aí e eu não sei.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Brasil em: A BATALHA DAS COMMODITIES

[Notícia de ontem: A carne bate a soja pela primeira vez, e passa a ser o principal produto de exportação do país.]


terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

no sense at all, parte II

Um rosto gasto, conhecido, manuseado
solta as palavras de praxe
sem nenhuma novidade ou surpresa
mas é consumido com espinho
[olhos arregalados de quem não acredita
se é sincero ou louco

-completamente louco-
fingido

o rosto manuseado é levado a sério pela primeira vez em algum tempo

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Seriedade

Seria exagero falar que é tudo o que importa na vida, mas certamente não vivemos sem ela. Porque tê-la significa ter amor e respeito pelas próprias coisas.
É o que falta no país. Vivemos de zombaria e descrença, as coisas não podem ser sempre assim.
Temos esquecido a face de nossos pais e antepassados,e por D-s, somos um bicho de milhares de anos, e mesmo assim levamos nossa vida mesquinhamente. Mais: vergonhosamente, como se não fôssemos responsáveis pelo que acontece do lado de fora da janela, ou dentro de casa, pelas tristezas de nossas mães e burradas dos irmãos.
Mas hoje, dia 8 de fevereiro, meus amigos...hoje é o dia em que renunciaremos ao desrespeito. Hoje é o dia em que o amor reinará em nossos círculos e famílias. O dia em que um grupo de pessoas decide ser sério, e a partir de nós, a mudança será feita. Porque nós, amigos, nós acreditamos no amor, nos valores.
Então, quando eu contar até três, vamos bater nosso récorde de toques, camaradas! Não aguento mais ver essa bola caindo no chão, vamos fazer certo.