segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Espanto

afinal de contas
ela não era tão genial assim.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Fim

Pronto. Estava feito.
Ele tinha sido apagado, e não iria mais incomodar.
Mesmo as coisas mais longas, quando são entendidas, ficam rápidas como contos de um minuto
Frio, inevitavelmente frio




Will you meet me in the middle, will you meet me in the air?
Will you love me just a little, just enough to show you care?
Well I tried to fake it, I dont mind sayin, I just cant make it

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Errado

Em aula de linguagem, proposta de análise de discursos, tocaram no ponto das publicidades. A professora lembrou de uma delas, que foi feita para a TV: Johnson & Johnson, cabelos cacheados, musiquinha que fica na cabeça. Segundo a mestra, os que têm cabelos assim se sentiam bem de ver aquela propaganda, afinal não é raro as propagandas de produtos para cabelos lisos afirmarem sua superior qualidade rechaçando características (?) dos outros tipos de cabelo; é preciso "domar", "disciplinar" e por aí vai.

Nesse momento, lembrei de um inimigo que tive nos tempos de escola. Ele estava deitado em uma passagem estreita, e eu queria passar por ali, pedi licença. Em resposta, atacou "ahh, vai ô do...cabelo rebelde!".

"Rebelde são suas pernas", respondi sem pensar. Ou melhor, pensei tempo suficiente para que meus olhos baixassem até suas pernas. Ele estava de shorts, e as cicatrizes de queimadura enrugantes - famosas na escola - estavam à mostra.

Ele ficou em silêncio, eu também. Ele me deixou passar, mas não foi aliviante cruzar a portinhola da glória babaca dos infames. Mais tarde minhas amigas me repreenderiam dizendo que era sacanagem. Nenhuma delas achou a defesa justa, por algum motivo, estava sedimentado na cabeça delas que ele tinha razão. Que as publicidades tinham, e elas estavam lá em maior ou menor nível de consciência - opto pela segunda.

Nesse dia me achei forte. É claro que força tem algo de cruel, mas gostei da minha ingenuidade de não saber porque é que seriam rebeldes meus cabelos. Não entendi essa palavra, rebeldes. Como se fosse algo errado.



No fim as coisas deram mais ou menos certo: acabei gostando do meu cabelo e, de mim, o tal das pernas.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Vamos ao teatro?



Publicidade ou intervenção? Nesses dias, quem vir andando até a ECA pela raia olímpica terá uma surpresa quando se aproximar dos fundos do prédio das artes cênicas. Pode ser que alguém acostumado às peraltices do pessoal das artes não dê tanta, mas é difícil não notar a bela estrutura retangular, delimitada por faixas de tecido negras, presas só na parte de cima dos 2,5 metros de comprimento - o resto é conduzido pelo vento.

Era bonito ver as faixas balançando no vazio da Paça do Relógio, no começo pensei se tratar de um objeto de intervenção. Se fosse só isso estaria bom: sorri sozinha entrando, saindo e observando a estrutura bela e curiosa. Tinha mudado meu dia e minha passagem pela Praça morna, estava ótimo. Mas não, certo momento tinha de notar uma inscrição feita em meio cilindro próximo:


Além de Cada Solidão
Sábado 21h
Domingo 20h
Retirar os ingressos 1h antes no Lab. ECA - USP



Sim, um espetáculo. Fim de semana, noite, Praça do Relógio, Cidade Universitária. Fiquei curiosa, imagino que, ao menos, seja assustador - a paisagem nas condições descritas já o é com ou sem montagem de tiras de tecidos!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Vanitas Vanitatum


Andei visitando umas igrejas de Ouro Preto, e em não sei qual delas notei inscrições no chão de madeira e marcações, como se fossem portas. Me explicaram que era costume da época (as igrejas da antiga Villa Rica são do período Barroco, no caso século XVIII) enterrar os ricos dentro das igrejas, debaixo do piso.
Não inventaram isso por aqui, sempre fora costume na Europa, a diferença é que lá os pisos não costumavam ser de madeira, mas sim de mármore e outras pedras. Tanto que em agum ano a Coroa portuguesa proibiu o costume na colônia, por causa do mau cheiro que ficava no ambiente.
Imagino que, para efeito de ilustração, o cheiro de morte deveria ser muito eficiente. Não bastavam as pinturas e esculturas realistas que contavam os milagres, a crucificação, a redenção e finalmente o juízo final, a cada missa a pessoa se lembrava do portal para a próxima vida e não perdia tempo com as coisas vãs do mundo. Será?