Tento fechar meus ouvidos ou desviar meus olhos para tentar passar sem essas bobeiras que se tornam bobeiras enormes quando se tem a paciência curta
ou a razão firme
ou coisa que o valha.
Não é nada firme, percebo, é apenas um cansaço. Uma intolerância não estúpida - ou a mais estúpida de todas
que é a de se olhar pra cima para não ter de olhar o terreno curvo e cacofônico que
pedregulhoso sangra os pés.
O caminho me leva até o supermercado
[vejo absorventes masculinos]
sinto cheiro de peixe
e penso que quero um chocolate.
Que engano, nem chocolates eu quero
Gastaria com qualquer coisa agora mas não
eu não quero nada.
Nem deitar e dormir, nem voar, nem ser raptada pelo flautista de hamelin.
Sinto uma vontade enorme de falar o que eu penso
e vontade de uma liberdade enorme de saber que meus pensamentos não vão até a altura que as asas deltas vão
elas ficam paradas no ar até que alguém tenha paciência de ouvi-las ou apagá-las com a mão grudenta de não-querer
ou então elas despencam dos meus lábios costurados rumo ao chão
[pedregoso de sangra-pé]
então finalmente vem a libertação
e eu choro e me pergunto porque é que as coisas vão embora.
a libertação de saber que você é dispensável da mesma maneira que os transeuntes que têm a sorte de cruzar com você
[bem no momento em que você passa na calçada. Bem do seu lado.
e como quem quer provocar, surge bem diante de mim o momento de cruzar ruas.
é tudo o que eu quero, atravessar para chegar na minha casa. Estou cansada e com compras nas mãos (nada que eu queira, e que engulo sem vontade). E logo que eu precisava, o cruzar ruas. Só tenho de atravessar e estará tudo bem, conforme é.
[Quase]
passou perto como casca na ervilha, mas escapei dessa vez. Segui reto na avenida.
I have no home
The jungle is my home
Pull the string!
Pull the string!
Há 14 anos
3 comentários:
Hum!?
Por isso dormi cedo varios dias.. e fui salvo tb ;)
yeah, baby! ,-]
Postar um comentário