Na frente da minha casa tem um sinal que nunca fecha
tem canteiros sem-flores com mijo
ou melhor, canteiros de mijo-forte
que fazem eu prender a respiração toda vez que passo por lá
-como se fisicamente fosse muito mais do que uma máquina térmica, que também elimina fluídos
mas não sou Augusto dos Anjos e
simplesmente amo quando passo pela Av. Paulista e há barraquinhas de incenso
não que seja contrastante a venda de cheiros e a avenida
mas são curiosos juntos, sei lá
faz você esquecer a cidade por alguns segundos, e lembrar da Índia
de Deus
de alguém
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[foto by P. Sibahi]
7 de maio de 2007 foi o dia em que a cidade virou vila, e seus moradores irmãos.
Não me perguntem o que acontecia na mesma hora na Praça da Sé
ou no Anhangabaú
eu cochilei foi ao redor de um palquinho na República
e quando a noite já estava opaca de raios de luz eu abri os olhos
mas mais por achar que teatro havia começado: gritos e aplausos entre a música constante
e lá estava o bêbado
-com uma garrafa de gasolina, disseram meus companheiros.
que dançava com adolescentes
[alguns aparecidos, outros vislumbrados]
entre outros adolescentes, crianças, lésbicas, mais mendigos
e por um momento de puro êxtase imaginei que a cidade tinha solução, e quis que ficássemos lá para sempre, dançando, sem se importar com o movimento dos pés ou da cabeça
o que importava era a harmonia
na hora de ir embora, risos inebriantes soltos saindo pelos cantos das bocas daqueles que estavam deitados nos gramados e canteiros.
eu ri também.
trocaram de lugar com os mendigos, que dançavam na manhãzinha aplaudidos, em vez de estarem deitados de porre, tentando se quentar nos primeiros sabres
Há 14 anos