domingo, 9 de março de 2008

'emet

Conta uma antiga lenda judaica sobre um vilarejo que era atormentado por monstros terríveis. Cansados da opressão, construíram um boneco gigante, que às suas ordens, os livraria do incômodo. Mas feita a coisa, não se mexia. Veio então, o rabino do vilarejo e escreveu a palavra 'emet na testa daquele que era parado mas ganhou vida, porque é justamente o que significa 'emet em hebraico.
Deu certa a idéia, o bonecão livrou o povoado, tanto que depois de um tempo nada acontecia com eles. Não sei se pelo tédio ou pela própria natureza mosntruosa, quem começou a aprontar foi 'emet, tornando-se o novo inimigo local.
Para derrotá-lo, apagaram da testa da coisa a letra aleph, representada pela apóstrofe. Mas quando se apaga o aleph, não se pronuncia o "e". Ficou então

met,

que significa morte, é o que ficou lá. E feito isso, expirou e caiu.

*













Esses são alguns quadros (a maioria "sem título") da artista japonesa Tomie Ohtake, que veio pro Brasil e acabou ficando sem querer na década de trinta. Artisticamente, a estadia no país foi crucial para o calmo desenvolvimento de sua arte, longe de uma país que entrou em guerra e depois passou por uma dolorosa fase de reconstrução. Ohtake foi lembrada em alguns meios (e vai ser ainda) devido ao ano do centenário da primeira comunidade nipônica que se alojou aqui. E foi justamente lendo uma entrevista com ela, uma imigrante que deu extremamente certo, que lembrei de uma japonesa que vende origamis na paulista. Eu a entrevistei para um trabalho de faculdade, e depois de dez ou quinze minutos de história triste de desilusão, soltei um "sonha em voltar para o Japão?", ou algo assim. Me arrependo até hoje.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi, srta elephanta voadora!
Como eu disse em seu scrapbook, é um prazer vir até aqui e ler o que escreve. Gosto da forma com que organiza suas palavras, é tão simples e complexo e profundo. É belo. De um jeito delicado, tão delicado e feminino, que encantam; ou ao menos encanta-me.

Gostei muito do 'Fullmind Fairytale'. Confesso, desconfiado, que não entendi muita coisa, mas parece-me ser um daqueles contos que falam de alguém... bom, to aqui, qualquer coisa!

Beijos!

dcs disse...

Sua indelicada!

De qualquer forma, não conheço muito da mitologia hebraica. Só aquele livro, a Bíblia. Mas acho fantástico essas histórias que atos aparentemente simples são carregados de significado! Nós que somo muito frígidos e queremos ver apenas a forma das coisas.