quinta-feira, 11 de junho de 2009

9 de junho

Não sou muito curiosa. Quando entraram no laboratório de redação gritando que a manifestação tinha virado quebra pau, amaldiçoei mas me neguei a ir até lá ver. Quando meus colegas começaram a deixar a sala, tentei lembrá-los da reunião que tínhamos - e que deveria ter acontecido há tempos -, mas na balança deles esse fato pesava mais. Então segui o caminho mais feito no momento por não entender de fato o que estava acontecendo, e planejar fazer uma reunião rápida enquanto as outras coisas rolavam.

Não vou contar o que houve, porque acho que já viram suficiente nos meios de comunicação (e coloquei uns links abaixo). Mas estou animada com a resolução da minha classe de fazer um jornal especial, com esse tema do confronto na USP com plano de fundo para todo o resto. Se tudo sair como planejado na reunião da pauta, será um exemplar pra ser guardado!

Quando mais tarde me perguntaram como foi a confusão, consegui resumir em uma palavra que fez muito sentido pra mim: humilhação. Sim. Enquanto, na praça do relógio, corria assustada da tropa de PMs em meio a fumaça e barulhos de tiro, a minha sensação era de um desrespeito que nunca tinha sentido.

Pela primeira vez em meio a um ataque da polícia (não, não costumo frequentar estádios de futebol), tremi compulsivamente desde o primeiro barulho de tiro que ouvi. Na fuga pelo microcosmo de cerrado representado imbecilmente na praça, quando um funcionário reclamou que desde o começo deveriam ter pego pedras pra se defenderem, me segurei pra não chorar.

Ok, relato muito sensível. Mas pra mim, a invasão, perseguição e acuação que os alunos sofreram pela polícia militar foi isso. Ver a ilha de sonhos a qual estamos acostumados se transformar em palco de guerra.
Não concordo com tudo que acontece por aí, com todas as posições estudantis, com toda resolução da Adusp, do Sintusp... Mesmo por que não existem pautas de reinvidicações fechadas, tudo é contestado a todo momento, e deve, é assim que são feitos os caminhos. De muitas falas. Mas se existe algo que eu não concordo, é ver uma manifestação ir para o buraco desse jeito, perseguição política e a postura autoritária da reitoria e do governador. Mas aí já é assunto para outro post. Peço perdão pelo mistério, mas não quero lavar roupa suja (imunda) agora. E também sinceras desculpas pela quantidade absurda de links, bem mais do que o normal, mas é um jeito de organizar as coisas muito conveniente!

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arquivo sobre o ocorrido, quem quiser mandar boas matérias escreva nos comentários que eu adiciono.

Fotos
pessoais no flickr.

Galeria de imagens do Uol

Textos

Professores da USP pedem saída de reitoria, UOL educação

Comunicado da Adusp sobre pedido de renúncia da reitora, Tatiane Klein

Estudantes da USP São Carlos fazem protesto

Entre bombas e cacetetes na USP, Paulo Moreira Leite

Após conflito, vice-reitor da USP promete tirar Tropa de Choque do campus, Camila Souza Ramos (colega e amiga)

Sindicalista é preso, Carolina Oms (também amiga e colega!). Só esclarecendo, na mesma noite ele foi solto junto com os outros funcionários e aluno.

PM transforma USP em praça de guerra, Caros Amigos

Vídeos


Fora PM do Campus

A repressão da PM na USP 2009


Charges










de Carlos Latuff

3 comentários:

Anônimo disse...

Todo esse confronto, com essa violência descabida da polícia poderia muito bem ter sido evitada. Mas os manifestantes foram estúpidos, pelo menos aqueles que quiseram provocar a polícia, como se intimidar um soldado acuado e com sangue quente fosse derrubar uma ação judicial. Quiseram ser agressivos, e de agressividade a polícia entende.

E os militantes do ME sabem ser autoritários e arbitrários ao seu modo, essas charges não me sensiblizam.

Lia Lupilo disse...

por que anônimo? não me incomodo com seu ponto de vista, e concordo que o confronto poderia ter sido evitado. pelos dois lados, diga-se de passagem.
os PMs não tem que ser esquentadinhos e vingativos, eles tem que ser treinados pra lidar com a população, mesmo que alguns elementos estejam agressivos. ninguém chegou a agredir a PM, mas eles ficaram com raiva de não estarem sendo temidos.

Lia Lupilo disse...

então, essas charges são difíceis de sensibilizar por serem extremas, é um discurso difícil de pegar. mas é uma visão que existe, coerente, e que achei que caberia aqui.
mesmo que eu não concorde com essa personificação do mal.
se você vê umas charges nem antigas, pode achá-las agressivas (como já achei várias), e na época do Brasil Império por exemplo, eram bem mais. mesmo assim, elas falam de uma época, de um sentimento.
Charges não são aquarela, elas são destemperadas