sábado, 21 de abril de 2007

Carta para Cho Seung-hui [e para quem quiser]

"Em um dos vídeos, divulgado pela NBC nesta quarta-feira, o atirador diz que lhe deixaram 'apenas uma opção'. 'Havia centenas de bilhões de opções e maneiras para evitar o que aconteceu hoje', afirma Cho Seung-Hui, que enviou a correspondência de Blacksburg, onde fica a Universidade Virginia Tech. 'Mas vocês decidiram derramar meu sangue. Vocês me encurralaram e me deixaram apenas uma opção. Agora têm suas mãos manchadas de sangue para o resto de suas vidas'."
Correio Web, 18/04

Bastava que você tivesse feito uma única coisa notável, Cho - como diz o robô da propaganda daquele whisky. Uma só, não 32 coisas abomináveis e covardes e uma mais covarde ainda: não ter tido a coragem de enfrentá-los.
Você não teve coragem de enfrentá-los depois, não é mesmo? Por que, Cho? Mas teve a de executá-los e no fim resolveu juntar-se a eles para sempre.
Às vezes eu que sou boba e acredito que depende muito mais de você.
digo que,
eles podiam ser malas e idiotas e insensíveis e
-por D-s, o que fizeram com você? aliás, desde quando?
mas tem a sua parte, droga...sempre tem: você poderia, deveria ter sido melhor que alguém nesse mundo estranho.
Poderia ter sido diferente, já que não aprovava...
Me sinto mal falando assim, por não saber o que aconteceu antes. Só sei que estou escrevendo aqui, dia 21 de abril de 2007, para você. Por que não ficou vivo? Como disse um amigo, porque não baixou as calças e foi natural no meio do campus?!?
Existiam alternativas
Eu só posso lamentar a sua escolha
E se você soubesse que alguém tão longe, um dia, ficou sabendo de você...
Mesmo porque, era só isso que você queria, não é mesmo? Deixar de ser transparente
Mas deixou o ódio dominar qualquer lampejo de razão, e acabou sendo pior para todos mas
estou aqui, e escrevo sobre você.
Não tenho alternativa a não ser seguir essa sina, de obedecer seu último/único (?) desejo.
É para isso que sirvo, afinal
E sabe, "havia centenas de bilhões de opções e maneiras para evitar o que aconteceu hoje", e você foi igual a eles. Infelizmente, só posso te chamar de psicopata suicida, pois você foi um fraco: envergonhou sua família e seu país - odeio dar de moralista, mas, que droga!! Cho!




para quem quiser ver duas peças escritas pelo nosso amigo, http://newsbloggers.aol.com/2007/04/17/cho-seung-huis-plays/ .Elas são pertubadoras e pobres, frutos de uma mente muito mais viva que todos-os-acontecimentos-mais-emocionantes-de-toda-uma-vida-juntos (como a maioria de nós). E basta.

[Esse post é mais um pedaço do nosso quadro. E para quem não sabe, o nosso quadro é a nossa aspiração: escrevemos e comentamos para entender melhor algumas coisas, como funciona esse lugar que a gente vive. E também, com o egoísta objetivo pessoal de tentar mudar minha atual opinião sobre tudo, qual seja, um adorável quadro de Bosch que deixo a seguir. Para os mais aplicados, A Nave dos Loucos]


8 comentários:

Pedro Sibahi disse...

Pois é minha cara Lia.
E vem aquela extensa discussão sobre "de quem é a culpa?"
Da sociedade americana, armamentista e que não aceita o diferente; da educação oriental, conservadora e rígida; da fraqueza de Cho?
Devemos desculpá-lo?
Devemos culpar todos, inclusive ele?
Acho que somos fruto de nossa sociedade, de nosso tempo. Mas apesar de tanta ação sobre nossa pobre existência, a decisão final sobre cada atitude é somente nossa.
Somos responsáveis pelo que fazemos, até o fim. O grande problema está em definir oque é certo ou errado, oque vai dirigir nossas atitudes? É algo que vêm de dentro ou de fora?
Acho q podemos ter algumas "diretrizes básicas", aquelas coisas simples que praticamente toda cultura, louva, apesar de muitas vezes não ser posto em prática.
Eu, particularmente, não o culpo ao todo. Tenho essa tendência. Acho que com ajuda ele não teria cometida aquelas atrocidades. Mas cometeu, e o que será feito à respeito?
O que deveria ser feito nós sabemos, mas é uma mudança tão profunda na sociedade que temo que não ocorrerá num futuro próximo.
Enfim, filosofei muito e escrevi poucas coisas objetivas, mas fica algo de mim aí.

Pedro Sibahi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Aline disse...

Como estou sem criatividade,vou emitir a opinião sobre o assunto que postei no blog :

Resta agora buscar as razões, ficar se perguntando como era a vida de um solitário migrante coreano de família muito pobre, num país predisposto à segregação.
Tanto lá como aqui, não há pensamento sem anacronismo, não há discussões além dos telejornais da referente semana. Enquanto estaremos, daqui dez ou vinte anos, discutindo o João Hélio da vez, eles estarão com seus Columbines e suas Virgínias.

E nunca entenderemos nada.

Pedro Sibahi disse...

ahh! depois vc me explica direito essa do Bosch q continuo perdido! como sempre! :D

Unknown disse...

A mente nao é um jogo maleavel de certo e errado que merece julgamento imparcial não!
Se um cara toma uma decisao desta provavelmente sofria de depressao de distorçao da realidade, isso deveria ter sido apurado por colegas professores e familia, é a merda da impessoalidade que vivo na minha propria faculdade, ainda bem q fico de olho em todo mundo que posso e tento ensinar a fazerem isso, é mto masi confortavel abraçar o mundo do que olhar para o chão e assinar a lista de presença
Um abraço, e esquece esse caso, é um acidente psiquiatrico em um bilhao de pessoas, so mais preocupado com a manutenção dos aviões, a sociedade até q vai bem
Se nao concorda pera ai q vo tirar US$ 571 no banco ali e ja volto

Anônimo disse...

(Não fui o primeiro a comentar, mas ao menos soube da idéia desse post antes de todo mundo. Rá!)

Armas não matam pessoas: pessoas matam pessoas.
Cho acordou e poderia ter matado alguém com uma colher. O ponto não é o "quanto a sociedade americana é armamentista", mas "quanto é propícia ao surgimento de pessoas como Cho".
Um erro não justifica o outro, portanto, ele seria condenado á execução. Mais uma vez, um erro não justifica o outro...

Proposta de pesquisa: quantos Cho em potencial tem na Poli?

Anônimo disse...

*"à execução", no comentário acima. Sim, sou chato. Mas se Machado mandou recolher milhares de exemplares por causa de erros mais bobos do que uma crase, acho que posso me dar ao luxo de comentar de novo.

Lia Lupilo disse...

uma resposta?
depois dem alguns meses, uma explicação sem muita novidade, mas vamos lá...
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u321423.shtml